domingo, 23 de novembro de 2008

Dedicação

Escreve-me algo agora de improviso...
Fala-me de ti...
De nós...
De tudo quanto há no teu pensar.
Quero através das palavras expressar-me, decifrar-me nesse teu mundo teu...
Quero pernoitar no fio condutor do teu pensar.
Quero possuir um crânio no olfacto...
O olhar numa posiçao transversal, que sintam ambas...
Que pensem, que comam os cheiros, as noites, as gentes...
Partir-me numa ponte para a outra...
Lançar-me pensamentos vertiginosos...
Trepar muros do tamanho das tuas muralhas...
Eu sou o sentir indelével que te poisa no peito, que desliza por meios de astúcia no teu cerebelo...
Que te atravessa por meio de cordas...

As horas

Longa é a hora que cedo ou tarde torna onde há muito transborda qualquer coisa de solidão...
Os pássaros partiram para outras paragens...
Migraram para onde a hora nunca retorna.
As paredes ruiram, as dobradiças encarquilharam, não sobrou nada...
O soalho aprodreceu e em tudo e quanto lá nasceu pereceu...
As teias de aranha rodearam o velho casario, as pequenas ternuras debandaram ao som de uma qualquer romaria de outras paragens, outros tempos...
Isto tudo era eu a deambular-me.